"Até que os leões tenham seus próprios historiadores, as histórias de caçadas continuarão glorificando o caçador." - Eduardo Galeano

"O século 20 produziu uma espécie terrível de pessoas: a do homem que acredita realmente que é publicado nos jornais." - Oswald Gottfried Spengler

"A democracia é o canal por onde o bolchevismo conduz o veneno para os países desunidos, deixando-o agir tempo suficiente para que as infecções produzam o definhamento da razão e do poder de resistência." - Adolf Hitler

"Quem vive da mentira deve temer a verdade!" - Friedrich Christian, Príncipe de Schaumburg Lippe

"A razão pela qual os homens são silenciados não é porque eles falam falsamente, mas porque eles falam a verdade. Isso porque, se os homens falam mentiras, suas próprias palavras podem ser usadas contra eles, enquanto se eles falam verdadeiramente, não há nada que pode ser usado contra eles, exceto a força." - John “Birdman” Bryant

segunda-feira, 4 de julho de 2016

Ezra Pound, o atual

Ezra Pound, uma voz no deserto

Poucos souberam denunciar os malefícios da usura e a hipocrisia do sistema democrático-liberal de forma tão contundente e clara como Ezra Pound.

            
                 Ezra Pound (1885-1972), nos anos 1920.

Ezra Weston Loomis Pound nasceu em 1885 em Idaho, EUA. Aos vinte e três anos decidiu mudar-se para a Europa. Fixou-se em Londres, onde começou a travar contato com os círculos intelectuais ingleses. Conheceu William B. Yeats, poeta já consagrado, tendo-se estabelecido entre ambos uma forte relação de amizade e uma produtiva troca de idéias que se prolongou por vários anos. Em 1912, Pound foi convidado a ser correspondente da revista Poetry, de Chicago. Ele usou essa relação com a revista para promover jovens escritores hoje famosos – T.S. Elliot, James Joyce e Ernest Hemingway, entre outros – os quais talvez nunca tivessem conseguido seu lugar ao sol de outra maneira. Chegou inclusive a financiá-los com recursos do próprio bolso, embora vivesse em condições relativamente precárias, e foi essa uma das inúmeras mostras de idealismo que deu ao longo da vida. Numa determinada ocasião, declarou que sua meta principal era manter vivo um certo número de poetas vanguardistas a fim de que as artes fossem colocadas “no lugar que merecem como guia reconhecido e como lâmpada da civilização”, e lutou com todas as suas forças para que esse objetivo pudesse ser alcançado.

A obra de Pound é pontuada de severas críticas ao sistema capitalista. Durante a Segunda Guerra Mundial, as convicções do poeta levaram-no a apoiar o Fascismo, que considerava como a única possibilidade de vencer o sistema financeiro internacional, identificado por ele como a causa principal dos problemas do mundo. Ele atribuía a culpa pelos conflitos à finança internacional, e acusou o Judaísmo norte-americano de haver criado o Bolchevismo: “Esta guerra não nasceu de um capricho de Hitler ou Mussolini”, afirmou certa vez, “esta guerra é parte da luta milenar entre usurários e trabalhadores, entre a usurocracia e todos os que fazem uma jornada de trabalho honrado com o braço ou com o intelecto”.

Em Rapallo, Itália, onde viveu de 1925 a 1945, Pound obtém durante a guerra uma autorização da rádio Roma para nela se pronunciar regularmente. De janeiro de 1941 a julho de 1943, falou através dela duas vezes por semana, quando então expôs suas idéias contra a guerra, contra o presidente Roosevelt e o sistema de usura. Ele costumava dizer que somente com o rádio a liberdade de expressão se tornava viável, uma vez que, por mais que se alegasse o contrário, a imprensa estava controlada.

Mas, como é fácil imaginar, as idéias do poeta incomodavam muita gente e, em 5 de maio de 1945, ele acabou sendo detido por soldados americanos e levado ao centro disciplinar de treinamento de Pisa, onde durante três semanas permaneceu encerrado numa jaula de ferro (a “jaula do gorila” referida por ele em seus Cantos), a qual compunha uma fileira de outras tantas jaulas contendo condenados à morte. Exposto ao sol e à chuva e à permanente claridade de fortes holofotes, que o impediam de conciliar o sono, acabou adoecendo e sendo transferido para a assistência médica.

O suplício apenas começava. Seis meses depois, ainda preso, Pound foi transferido para Washington acusado de haver se aliado aos inimigos dos EUA. E, tendo-se declarado da forma mais arbitrária possível que ele não se encontrava de posse de seu juízo nem tampouco em condições de testemunhar, foi trancado num hospital em Washington, de onde somente saiu em 1958. “E agora me chamam louco, porque me despedi de toda loucura...”, escreveria o poeta em seu Personae.

Em várias ocasiões, enquanto esteve no hospício, Pound afirmou estar encerrado num manicômio dentro de outro, pois considerava a sociedade americana como uma imensa casa de loucos. Durante todo o período em que permaneceu preso, ele nunca abriu mão de suas convicções. Mostrou-se assim digno autor daquela sua declaração: “Se um homem não está preparado para correr riscos por suas opiniões, ou suas opiniões não valem nada ou então ele não vale nada”.

Uma vez libertado, o poeta continuou a sofrer perseguições até o fim de seus dias. A Academia de Artes e Ciências dos EUA não aceitou seu nome para a concessão da medalha Emerson, recusando-se, numa atitude sem precedentes, a aceitar o informe de seu próprio comitê. E, ano após ano, foi-lhe negada a concessão do prêmio Nobel, mesmo depois que este havia sido concedido a vários daqueles autores que ele próprio influenciara, os quais não cessavam de proclamar-lhe a superioridade. A seu respeito, Elliot declararia: “Nenhum homem vivo pode escrever como ele, e eu me pergunto quantos terão a metade de seu talento”. E quando, em 1954, Hemingway recebeu o prêmio Nobel de literatura, disse que teria preferido que, ao invés dele, Pound é que o tivesse ganho. Em 1948, Pound chegou a ser homenageado através do prêmio Bollingen de poesia, outorgado pela biblioteca do Congresso. Mas, sem demora, a mídia atacou-o brutalmente e o Congresso retirou esse prêmio da biblioteca e o transferiu para a universidade de Yale.

E assim é que os Estados Unidos da América, esses auto-intitulados paladinos da democracia e dos direitos humanos, boicotaram seu maior poeta do século XX a ponto de declará-lo louco e trancá-lo num hospício durante treze anos, sem qualquer julgamento, advogado ou direito a defesa, pelo simples fato de ele haver se dignado a propagar aos quatro ventos as grandes verdades que se ocultam sob os véus do liberalismo econômico e político do sistema capitalista. E, depois de haverem lhe restituído o sagrado direito de andar à luz do sol, negaram-lhe o justo reconhecimento, mantendo-o num forçado anonimato a fim de que suas idéias não fossem divulgadas.

A teoria econômica de Ezra Pound parece estranha aos economistas de hoje, com seus cérebros e corações poluídos por séculos de usura. Sua raiz mais profunda pode ser encontrada no Deuteronômio 23: 19-20 (*). O poeta também foi influenciado pelas idéias de Sílvio Gesell, que rebate brilhantemente a justificativa lógica do juro em sua obra A ordem econômica natural, na qual demonstra que os juros compostos, com seu crescimento exponencial, tornam-se rapidamente impagáveis.

(*) Na Bíblia King James Atualizada lemos:

19 - "Não emprestes ao teu irmão israelita cobrando juros, quer se trate de empréstimo de dinheiro, quer de alimentos, ou de qualquer outra coisa que possa render lucro financeiro."
20 - "Entretanto, poderás fazer empréstimos cobrando juros do comerciante estrangeiro, mas não do teu irmão israelita, para que o SENHOR, teu Deus, abençoe todo empreendimento da tua boa mão na terra que estás herdando para dela tomares posse."

Com Usura
Ezra Pound

Com usura nenhum homem tem casa de boa pedra
blocos lisos e certos
que o desenho possa cobrir;
com usura
nenhum homem tem um paraíso
pintado na parede de sua igreja
harpes et luthes
ou onde a virgem receba a mensagem
e um halo se irradie do entalhe;
com usura
ninguém vê Gonzaga, seus herdeiros e concubinas
nenhum quadro é feito para durar e viver conosco,
mas para vender, vender depressa;
com usura, pecado contra a natureza,
teu pão é mais e mais feito de panos podres
teu pão é um papel seco,
sem trigo do monte, sem farinha pura.
Com usura o traço se torna espesso
com usura não há clara demarcação
e ninguém acha lugar para sua casa.
Quem lavra a pedra é afastado da pedra
O tecelão é afastado do tear.
COM USURA
a lã não chega ao mercado
a ovelha não dá lucro com a usura
A usura é uma praga, a usura
embota a agulha nos dedos da donzela
tolhe a perícia da fiandeira. Pietro Lombardo
não veio da usura
Duccio não veio da usura
nem Pier della Francesca, nem Zuan Bellini veio
nem usura pintou La Callunia.
Angelico não veio da usura; Ambrogio Praedis não veio,
Nenhuma igreja de pedra lavrada, com a inscrição: Adamo me fecit.
Nenhuma St. Trophime
Nenhuma Saint Hilaire.
A usura enferruja o cinzel
Enferruja a arte e o artesão
Rói o fio no tear.
Mulher alguma aprende a urdir o ouro em sua trama;
A usura é um câncer no azul; o carmesim não é bordado,
A esmeralda não encontra um Memling.
A usura mata a criança no ventre
Detém o galanteio do moço
Ela
trouxe paralisia ao leito, jaz
entre noivo e noiva
CONTRA NATURAM
Putas para Elêusis
cadáveres no banquete
a comando da usura.

Ezra L Pound. In: Ezra Pound: Poesia. Tradução de Augusto de Campos. São Paulo, Hucitec,1983.

O nascimento da usura

“E tê-lo-iam envenenado não fora a forma do punho de sua espada.”
Ezra Pound

É comum ouvirmos falar sobre o notável negócio que os bancos costumam fazer cobrando altas taxas de juros a quem pede um empréstimo e pagando pouco a quem faz um depósito com prazo fixo. Esta diferença, conhecida normalmente como spread, costuma oscilar entre 25 e 50% segundo o tipo de operação realizada. E àquele que considerar que estamos exagerando pediríamos que vá perguntar em qualquer banco que porcentagem de juros ganharia num prazo fixo ou caderneta de poupança. E que verifique ainda a taxa de juros que lhe foi cobrada pelo uso de seu cartão de crédito no mês passado (1).

Essa grande fraude à qual nos referimos teve início quando alguns dos mais perspicazes banqueiros observaram, em seus muitos anos de experiência bancária, que, em média, os depositantes nunca sacavam mais que dez por cento dos depósitos. Já no século XIV os bancos haviam se apercebido desse fato. E então, aquilo que para qualquer outro mortal não teria significado senão um simples dado estatístico, para esses adoradores do materialismo representou uma descoberta importante. Eles raciocinaram da seguinte forma: “Tenho depósitos de 100 denários e emiti recibos para a mesma quantia, mas sei que os depositantes, em total, nunca sacam mais do que 10%. O que aconteceria se eu emitisse recibos para 1000 denários, mantendo em meus cofres os mesmos 100 denários? Isso me permite cobrir os 10% que a experiência indica que em média são retirados”. E, então, começaram a emprestar recibos equivalentes a 900 denários e faziam esses empréstimos cobrando juros.

Em outras palavras, o banqueiro emitia recibos no total de 1.000 denários e mantinha disponíveis em seus cofres moedas de ouro no valor de 100 denários, pois sua experiência lhe indicava que nunca os saques conjuntos ultrapassavam os 10%, que era a quantidade de que ele efetivamente dispunha em moedas de ouro. A Reforma Protestante havia enfraquecido a proibição eclesiástica de emprestar a juros, de forma que essas operações haviam deixado de ser ilegais, e logo os sistemas jurídicos começaram a proteger cada vez mais os direitos dos banqueiros, especialmente depois da Revolução Francesa.

Os banqueiros realizaram assim, em proveito próprio, o sonho dos alquimistas de fabricar ouro a partir do nada. E, inclusive, aperfeiçoaram a idéia, já que a substância básica utilizada sequer era o chumbo, mas simplesmente papel, muito mais barato. Os leitores dirão que tudo o que eles fizeram foi emprestar esses recibos equivalentes a 900 denários e que esses recibos continuam sendo simples papéis. Certo, mas aqueles que faziam um empréstimo tinham de saldá-lo com ouro ou com outros bens, que eram entregues como garantia da operação em questão.

Os financistas não criaram ouro novo, mas criaram uma poderosa maneira de tosquiar os cristãos incautos daquela época e também os de hoje, com dívidas gravosas unidas à pesada carga dos juros usurários. O setor financeiro, aos poucos, viu seus patrimônios crescerem de forma exponencial. Surgiram em cena as inconcebíveis fortunas dos Papas das finanças, como os Rothschild, Rockefeller, Lazard, Morgan, Khun, Loeb e Soros, entre tantos outros.

Caso o leitor imagine que os fatos aqui expostos não passam de um relato de épocas passadas, saiba que os mesmos continuam tendo notável vigência. E, se ele não acreditar nisto porque não se encontra endividado com o sistema bancário e nem mesmo é usuário de cartões de crédito, será melhor que se informe a respeito da dívida externa de seu querido país. A da Argentina é de 140 bilhões de dólares, a do Brasil é ainda maior. Não será difícil aos demais irmãos latino-americanos obter dados precisos sobre as dívidas externas de seus respectivos países, nem tampouco constatar que, de uma forma ou de outra, eles se encontram tão hipotecados com a usura internacional quanto a pobre Argentina (2).

Notas:

(1) Num exemplo típico do Brasil de hoje, o banco remunera a aplicação de renda fixa em 1% ao mês e cobra 5% do infeliz que faz o empréstimo. Ao final de 12 meses, paga 12,68% ao aplicador e cobra 79,58%, ou seja, ganha 66,9% em dinheiro que não é seu. Na prática, o governo morde parcela substancial desse valor com impostos, o que não invalida o raciocínio.
(2) Leia mais sobre usura em "Quem quer dinheiro?", na Humanus I.

Fonte: http://www.samamultimidia.com.br/artigo-detalhes.php?id=2612

Abraços

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