"Até que os leões tenham seus próprios historiadores, as histórias de caçadas continuarão glorificando o caçador." - Eduardo Galeano
"O século 20 produziu uma espécie terrível de pessoas: a do homem que acredita realmente que é publicado nos jornais." - Oswald Gottfried Spengler
"A democracia é o canal por onde o bolchevismo conduz o veneno para os países desunidos, deixando-o agir tempo suficiente para que as infecções produzam o definhamento da razão e do poder de resistência." - Adolf Hitler
"Quem vive da mentira deve temer a verdade!" - Friedrich Christian, Príncipe de Schaumburg Lippe
"A razão pela qual os homens são silenciados não é porque eles falam falsamente, mas porque eles falam a verdade. Isso porque, se os homens falam mentiras, suas próprias palavras podem ser usadas contra eles, enquanto se eles falam verdadeiramente, não há nada que pode ser usado contra eles, exceto a força." - John “Birdman” Bryant
quinta-feira, 6 de novembro de 2014
De olho na Amazônia
Por Janer Cristaldo
Tantos são os boatos travestidos de fatos a circular na mídia, que hoje a melhor forma de negar um fato é transformá-lo em boato. É o que parece estar acontecendo com as ameaças de internacionalização da Amazônia. Nestes dias, anda rolando nos jornais e na Internet a denúncia de uma brasileira residente em Austin, de que os mapas usados nas escolas dividem o Brasil em duas partes: a do sul, o Brasil propriamente dito, e a do norte, como "zona internacional de preservação". Como até agora ninguém forneceu à imprensa os tais mapas, tudo não passaria de mais um dos tantos hoaxes que infestam os meios de comunicação. A existência dos mapas até pode ser infundada. Mas não o são as pretensões internacionais à Amazônia brasileira.
A história está longe de ser nova. Em 1971, em Estocolmo, minha professora de sueco afirmou com todas as letras: "O Brasil está invadindo a Amazônia". Há trinta anos, já se considerava naqueles nortes que Amazônia é uma coisa e Brasil é outra. Quando tentei mostrar-lhe que a Amazônia pertencia ao Brasil, ela nem discutiu. Olhou-me com a comiseração que reservamos aos defensores de ideias bobas.
De lá para cá, personalidades de mais prestígio que uma anônima estocolmense manifestaram posições semelhantes. François Mitterrand, que defendia o direito de ingerência da França nos países do Terceiro Mundo, chegou a proclamar: "O Brasil precisa aceitar uma soberania relativa sobre a Amazônia". Segundo Madeleine Albright, Secretária de Estado dos EUA, "quando o meio ambiente está em perigo, não existem fronteiras". Margaret Thatcher, ex-primeira ministra da Inglaterra, ia mais longe, em 1983: "Se os países subdesenvolvidos não conseguem pagar suas dívidas externas, que vendam suas riquezas, seus territórios e suas fábricas". Até Mikhail Gorbachev, administrador da massa falida soviética, se permitiu um palpite, em 1992: "O Brasil deve delegar parte de seus direitos sobre a Amazônia aos organismos internacionais competentes". John Major, ex-primeiro ministro da Inglaterra, foi curto e grosso: "As campanhas de ecologistas internacionais a que estamos assistindo, o passado e o presente, sobre a região amazônica, estão deixando a fase propagandista para dar início a uma fase operativa, que pode definitivamente ensejar intervenções militares diretas sobre a região".
Mas as pretensões à Amazônia não datam das últimas décadas. Entre 1840 e 1860, um obscuro tenente da Marinha dos Estados Unidos, Matthew Fontaine Maury, funcionário do Departamento de Cartas e Instrumentos do Departamento da Marinha de Washington, nutria um projeto simples e pragmático: uma vez alforriados os escravos negros de seu país, estes seriam enviados para colonizar a Amazônia brasileira. A república da Libéria, na África, resultou de um destes projetos. Deu no que deu.
E por que não colonizar a região amazônica com brancos? Maury empunhava argumentos de ordem geográfica. Se o europeu e o índio haviam lutado com suas florestas por 300 anos sem imprimir-lhe a menor marca, sua vegetação só poderia ser subjugada e aproveitada, seu solo só poderia ser retomado à floresta, aos répteis e aos animais selvagens e submetido ao arado e à enxada, pela mão-de-obra do africano. "É a terra dos papagaios e macacos e só o africano está à altura da tarefa que o homem aí tem de realizar".
O projeto de Maury não era original. Desde a década de 1830, os EUA planejavam abrir a navegação do rio Amazonas a todas as nações. Antes do oficial sonhador, um certo Joshua Dodge pensou estabelecer 20 mil imigrantes norte-americanos nas margens do Amazonas. Todos se comprometiam a reconhecer a soberania brasileira, pelo menos nos primeiros anos de colonização. À semelhança do que foi feito com o Texas, pretendia-se anexar a região aos Estados Unidos. A estratégia era simples. Bastaria comprar alguns brasileiros em Manaus, que passariam a ser "legítimos representantes de uma República da Amazônia, que se declararia estado independente do Império do Brasil, inclusive por discordar da forma como o país era governado, com sua monarquia".
Caso o governo brasileiro enviasse navios e tropas para restabelecer sua soberania, os cidadãos do novo estado amazônico independente apelariam para a proteção norte-americana. Uma força de protocapacetes azuis se apresentaria na foz do Amazonas para proteger a vida e os bens ameaçados dos cidadãos americanos.
Quem nos conta este quase desconhecido projeto de expansão americana é a professora Nícia Vilela Luz, em A Amazônia para os Negros Americanos (Rio, Editora Saga, 68). Segundo a autora, muitos americanos, bem antes da eclosão da Guerra Civil, achavam ser mais interessante libertar todos os escravos e enviá-los para fora da América. O intérprete maior desta vontade é o tenente Maury: "Convencido da superioridade do branco, só podia admitir o negro na condição de escravo e nunca numa posição de igualdade com o branco. Que fazer então com essa população negra uma vez posta em liberdade e cuja multiplicação ainda poderia submergir a raça branca?"
Felizmente, "Deus preservara a Amazônia deserta e desocupada para que os problemas do Sul pudessem ser resolvidos - prossegue Vilela Luz -. Acuados ao Norte onde não encontrariam mais terras do Mississipi por desbravar nem mais campos de algodão por subjugar, os sulistas, para se livrarem do seu excesso de população negra, salvando ao mesmo tempo sua economia e sua peculiar instituição, encontrariam a safety valve mais ao Sul, no vale amazônico".
Os mapas de Austin podem ser boato. Mas para a opinião pública lá fora, há muito o Brasil está invadindo a Amazônia..
Fonte: http://www.baguete.com.br/colunistas/colunas/31/janer-cristaldo/09/06/2000/brasil-invade-amazonia
"EUA estão dispostos a invadir o Brasil", diz Fidel Castro:
http://noticias.terra.com.br/brasil/noticias/0,,OI606200-EI306,00-EUA+estao+dispostos+a+invadir+o+Brasil+diz+Fidel.html
Temos um destino a cumprir, um “Destino Manifesto” sobre todo o México, sobre a América do Sul, sobre as Índias Ocidentais e Canadá."
(J.D.B. De Bow - De Bow’s Review)
"O mundo amazônico é o paraíso das matérias primas, aguardando a chegada de raças fortes e decididas para ser conquistado científica e economicamente."
(Matthew F. Maury - The Amazon and the Atlantic Slopes of South America, 1853)
http://www.gentedeopiniao.com.br/lerConteudo.php?news=90489
Abraços
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