Poder Educativo

No dia 15 de outubro comemora-se o Dia do Professor. Foi a data estipulada para homenagear os responsáveis pelo desenvolvimento da educação e do conhecimento no país, abarcando todos os profissionais que trabalham desde a educação infantil até o ensino superior universitário. Mas comemora-se?! Poderia também ser chamado dia da Estupidez, do Cinismo, do Descaso, da Irresponsabilidade entre outros, se formos ver como a sociedade, os políticos, a imprensa mercenária, e até os próprios pais e mães de alunos tratam tão nobre profissional e missão. Se eu estivesse errado, não veríamos todo ano pipocando pelo Brasil todo, greves desta tão necessária e vilipendiada classe, além dos insultos, espancamentos e até morte destes profissionais cometidos incrivelmente por alunos ou seus pais e mães. Uma inversão de valores que condena este país e povo à escravidão e cegueira incorrigíveis se nada for feito de fato, abrangente e envolventemente.

          

Digo que o professor é muito mais importante que um juiz. Pelo simples fato que o juiz trabalha com o que foi (passado), enquanto que o professor trabalha com o que será (futuro). O professor trabalha com nosso maior patrimônio que são nossas crianças, nossos filhos, com o futuro. Bandido não é patrimônio e nem futuro, mas nele se investe como se fosse. Seguida e notoriamente, os governos investem mais no Judiciário (tribunais, polícias etc) ao invés na Educação (escolas e professores), seguramente assim hipotecando nosso futuro e certamente precisaremos amanhã de mais tribunais, de mais policiais, de mais advogados, viaturas, câmeras e presídios. E como cegos e suicidas, vamos mantendo um ciclo vicioso auto arruinador, meramente enxugando gelo e sem errar, indo de mal a pior.

                

Enquanto esta sociedade, mídia mercenária e políticos mantiverem esta mentalidade irresponsável favorecendo mais o Judiciário ao invés da Educação como podemos perceber de forma gritante nas edificações de ambos, nos auto sentenciamos a sempre sermos e estarmos na rabeira ou beira da História e do desenvolvimento verdadeiro.

         

         

Enquanto os fóruns são bonitos, com vidros enormes, mármores, ar condicionados, vigilância física e eletrônica, computadores, não faltando material de expediente, portas e janelas funcionando, etc; nossas escolas estão sucateadas, forro e telhado caindo e gotejando na chuva, luminárias e material de expediente precários e sempre tendo de economizar aqui ou ali, o grau de descaso com agressões contra educadores e escolas e sobre a merenda e condução escolar nem é bom falar. Já viram o tratamento jurídico e midiático quando um juiz ou advogado é assassinado em relação ao mesmo crime quando cometido contra um professor? Por que ambos não são tratados com a mesma celeridade? E sobre as escolas depredadas?

          

          

Novamente nestas eleições, candidatos e este estúpidos partidos falam em mudança, em revolução, em desenvolvimento, mas observando desapaixonadamente, percebemos que são apenas, caso façam, retoques e maquiagens que não solucionarão absolutamente nada. Pois que mudança e revolução mesmo, profunda, sincera, transformadora, seria uma drástica alteração de como ver e valorizar as instituições e os poderes. Este investimento avultado no Judiciário ao invés de ser posto na Educação, é como querer arrumar uma goteira comprando baldes, quando o correto ululante é consertar ou trocar a torneira.

Hoje temos o Poder Executivo, Legislativo e Judiciário. Deveria-se mudar para Poder Executivo, Poder Legislativo e Poder Educativo, devido sua incontestável importância. Extinguir-se-ia o Poder Judiciário, podendo transformá-lo em Ministério. Assim, alocando parte considerável da vultosa verba dos suados impostos que vão para custear o tão caro, nababesco e requintado Judiciário, para o então novo Poder Educativo. Então sim, teríamos uma verdadeira e profunda revolução ou transformação social, cultural e econômica em nível nacional.

Vejamos os exemplos de países pequeninos e com pouquíssimos recursos naturais como Coreia do Sul, Cingapura e Japão para citar alguns. Quem fez esta transformação nacional e radical nestes países? O Judiciário ou a Educação? Agora, vejamos o patrimônio hídrico, solar, territorial (superfície e subsolo), fauna e flora do Brasil, este eterno dorminhoco. E onde está o nosso sono? Na Educação. Ou melhor, na falta dela. A maioria do povo ainda dorme sobre as novelas, o carnaval, futebol e programação televisiva fútil.

          

A variedade e quantidade de recursos naturais que o Brasil tem e de nós estarmos onde estamos em subdesenvolvimento, desigualdade em praticamente tudo, subserviência política e militar, consumidores de Hollywood e Nova York, conspiram contra nós, acusam-nos. E deveríamos nos envergonhar desta situação.

E termino com um carinhoso abraço, dizendo que esta é minha sincera homenagem a todos vocês professores e professoras.

         

Abraços