O Plano Madagáscar da Alemanha Nazista, há 75 anos atrás
Por Evan Andrews
No verão de 1940, a Alemanha Nazista arquitetou um esquema aparentemente estranho: exilar a população judaica da Europa na ilha africana de Madagáscar. Apoio à proposta surgiu após a emissão de um memorando de 3 de junho do Departamento do Exterior Alemão e foi colocado quase imediatamente em ação antes de as vitórias aliadas na Segunda Guerra Mundial o tornassem inviável. Setenta e cinco anos após ter sido proposto, é interessante relembrar o plano de deportação brutal que precedeu os horrores do Holocausto.
“A vitória próxima dá a Alemanha a possibilidade, e sob muitos aspectos também a obrigação, de resolver a Questão Judaica na Europa. A solução desejada é: todos os judeus fora da Europa.” Assim foi como Franz Rademacher, chefe do “Setor Judaico” do Departamento do Exterior Alemão iniciou o memorando para o Alto Comando Nazista no verão de 1940. No documento que se seguiu, ele desenvolveu um audacioso plano para banir milhões de judeus europeus para a ilha africana de Madagáscar. O esquema previa que a cidadania europeia dos judeus fosse revogada e sua propriedade e riquezas pessoais fossem confiscadas para ajudar no estabelecimento do novo
“superguetto” no Oceano Índico. Uma vez reassentados, seriam governados por uma força policial da SS. Rademacher argumentou que a escolha da ilha poderia ser vendida como propaganda para mostrar ao mundo a “generosidade” do povo alemão. Em uma nota mais sinistra, ele acrescentou que
“os judeus permanecerão sob jugo alemão como uma promessa de bom comportamento para os membros de sua raça na América.” Os judeus de Madagáscar não seriam apenas exilados – eles também seriam reféns.
A proposta de Rademacher foi a mais ambiciosa das várias tentativas do Terceiro Reich de Hitler de expulsar os judeus. Assim que assumiram o poder no início dos anos 1930, os nazistas implementaram uma série de políticas repressivas antissemitas que retirou dos judeus seus direitos e forçou muitos deles a deixar o país. A perseguição piorou após o início da Segunda Guerra Mundial, quando os nazistas começaram a obrigar os judeus a viver em campos e guetos. Seguindo o plano abortado de transformar o distrito polonês de Lublin em uma reserva gigante judaica, os alemães desviaram seu foco em direção de remover os judeus de todo o continente. Em uma carta de maio de 1940 para Hitler, o chefe da SS Heinrich Himmler expressou seu desejo
“... que o conceito de judeu será completamente extinto por meio da possibilidade da emigração em larga escala de todos os judeus para a África ou qualquer outra colônia.”
Franz Rademacher, arquiteto do Plano Madagascar, em 1968. (Crédito: Karl Schnorrer / dpa / Corbis)
Madagáscar apresentava-se como um destino possível em maio e junho de 1940, quando as forças alemãs começaram a avançar pela Europa Ocidental. A vitória sobre a França parecia iminente, e com ela veio a dominação sobre seu vasto império colonial, que incluía Madagáscar e outras partes da África. Franz Rademacher enviou o primeiro de vários memorandos sobre o
“Projeto Madagáscar” em 3 de junho, e a ideia rapidamente se espalhou entre os vários níveis da hierarquia nazista. A aprovação de Adolf Eichmann e do Ministro do Exterior Joachim Von Ribbentrop e a menção dele por Hitler num encontro com Benito Mussolini ajudaram a divulgá-lo ainda mais. Na Polônia, a construção de guetos foi temporariamente interrompida em antecipação ao plano, já que eles não seriam mais necessários. Os líderes judeus foram informados sobre o plano num encontro secreto no começo de julho, e não demorou muito para alcançar as ruas. Adam Czerniakow, um funcionário judeu em Varsóvia, notou que um burocrata alemão lhe disse que
“a guerra estaria terminada em um mês e que todos nós estaríamos sendo enviados para Madagáscar.”
Por incrível que pareça, a ideia de colocar os judeus em Madagáscar não era nova. O plano foi originalmente proposto em 1885 pelo acadêmico alemão Paul de Lagarde, cujos escritos tiveram uma grande influência em Hitler. Ele foi mais tarde adotado por uma grande variedade de políticos e figuras antissemitas na Europa, algumas das quais acreditavam erroneamente que os judeus eram ancestrais dos nativos malgaxes da ilha. Em 1937, o governo polonês chegou a enviar uma missão a Madagáscar para investigar a possibilidade para um novo lar judeu. A delegação formada por judeus voltou convencida de que as temperaturas sufocantes e a infraestrutura quase inexistente a tornava uma péssima escolha, e eles estimaram que ela seria capaz de abrigar somente poucas centenas de famílias
(*).
(*) Argumentações sem fundamento. Vejamos:
- Clima: em Madagascar as temperaturas variam de uma média de 29 graus de máxima e mínima anual de 20 graus (média de uns 23-25), com chuvas que se distribuem ao longo do ano:
http://madagascar.costasur.com/pt/clima.html. Em Israel, é de 15 e 30 graus (média de uns 22-25) com chuvas mal distribuídas: http://www.goldtrip.com.br/clima-em-israel/, ambos considerados clima subtropical.
- Infraestrutura: a Palestina tinha? Afinal, não era ela uma "terra sem gente para uma gente sem terra"? A Palestina já era um estado antes da invasão judaica:
http://www.ziombieland.net/2015/07/palestine-is-state-and-has-been-state.html
- Área: Madagascar com seus 587.041 km² é "capaz de abrigar somente poucas centenas de famílias" contra 20.770 - 22.072 km² de Israel, 28 vezes menor! E a questão religiosa não foi invocada?
Adolf Eichmann (Crédito: Adam Guz / Getty Images Polônia / Getty Images)
Se Madagáscar poderia manter de forma segura um fluxo maciço de imigrantes era de pouca importância para os nazistas no verão de 1940. Em agosto, Rademacher, Eichmann e outros submeteram várias propostas revisadas ao Alto Comando nazista. Seus planos solicitavam provisões para uma colônia judaica em Madagáscar como parte de um tratado de paz com os franceses. Os alemães reassentariam e compensariam os colonos franceses que viviam lá, e então começariam a mover os judeus para a ilha após a guerra a uma taxa de 1 milhão por ano. Para dar uma ilusão de propriedade, os judeus assentados em Madagáscar teriam direito a ter seu próprio prefeito, agência de correios e força policial, ainda que o poder real estivesse nas mãos de um governador indicado pelos nazistas. Grandes partes da ilha também receberiam bases militares alemãs.
Muitos líderes alemães viam o Plano Madagáscar como uma resposta ideal à assim chamada “Questão Judaica”, mas em setembro de 1940, seu futuro parecia incerto. O esquema dependia essencialmente da rapidez com que os nazistas conquistavam a Europa, e seu progresso empacou junto com seus exércitos. O principal problema era a Grã-Bretanha, que suportou teimosamente o ataque aéreo durante a Batalha da Inglaterra. Os nazistas esperavam se apropriar da Marinha Real para transportar os judeus para Madagáscar, mas com a Grã-Bretanha ainda de pé, a logística de repente tornou-se impossível. A Alemanha não tinha navios suficientes para forçar a deportação por sua própria conta, e os navios de guerra aliados tornavam os caminhos marítimos intransponíveis. No final de 1940, o plano foi interrompido, porém não esquecido. O tiro de misericórdia foi dado em maio de 1942, quando forças britânicas desembarcaram em Madagáscar em uma invasão anfíbia chamada
“Operação Ironclad” (Era uma sabotagem da Grâ-Bretanha ao plano ou uma tentativa de ampliar suas próprias colônias? Ou ambos.). A ilha caiu em mãos aliadas no final do ano.
As forças britânicas aterram em Madagascar, 1942. (Crédito: Imperial War Museum)
No final, nenhum judeu foi enviado à África como parte do Plano Madagáscar. Historiadores ainda debatem o que teria acontecido se os judeus tivessem sido levados para lá, mas não há dúvidas de que teria sido brutal. Muitas pessoas teriam sucumbido diante das doenças tropicais ou fome devido à falta de recursos e aqueles que sobrevivessem teriam sido sujeitos a abuso ou morte nas mãos da SS. Com isto em mente, muitos estudiosos argumentam que o reassentamento era uma sentença de morte. Outros ponderam que era um subterfúgio para mascarar as reais intenções de Hitler em exterminar os judeus
[1]. Pelo menos, foi uma ação em direção da infame “Solução Final”
(Essa "Solução" sempre foi uma questão territorial, nunca de genocídio. E não conseguem provar o contrário.) que logo se seguiria. Menos de um ano após o Plano Madagáscar ter sido abandonado, os campos de extermínio foram criados e o Holocausto começou.
Nota:
[1] Se o objetivo era exterminar os judeus, por que todo o trabalho de transportá-los para uma ilha distante? Será que os líderes poloneses também pensavam assim quando elaboraram seu próprio
“Plano Madagáscar”? Este plano deveria resolver definitivamente a
“Questão Judaica”. Fico imaginando quantas vidas teriam sido salvas com esse reassentamento e como seria hoje o Oriente Médio se Israel não existisse.
(Nem a Europa viveria sob ameaçadas de extinção nuclear lançada por Israel: http://nazismo-verdades-e-mentiras.blogspot.com.br/2015/02/opcao-samson-e-o-ataque-nuclear.html)
Fonte:
http://www.history.com/news/nazi-germanys-madagascar-plan-75-years-ago?cmpid=Social_FBPAGE_HISTORY_20150603_188489934&linkId=14691986 via
http://epaubel.blogspot.com.br/2015/06/hol-o-plano-madagascar-da-alemanha.html
Abraço